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Artigos em Periódicos
Resumo
Este artigo visa explorar aspectos relativos à Natureza da Ciência em partes de uma entrevista concedida por Niels Bohr a Thomas Kuhn, Léon Rosenfeld, Aage Petersen e Erik Rudinger, entre outubro e novembro de 1962. Procura-se contribuir para que discussões e reflexões sobre a ciência sejam promovidas no âmbito do ensino de ciências. Nessa perspectiva, estabelecem-se interlocuções entre trechos da entrevista e outros materiais históricos, como publicações do próprio Bohr e fontes secundárias de
reconhecida relevância.
Mágico-vitalismo, alquimia e outras visões de mundo: um breve estudo histórico sobre concepções de matéria até o século XVI
CRISTINA S. LORENZETTI; ANABEL C. RAICIK; LUIZ PEDUZZI
(2024)
Resumo
A história da ciência é um corpo de conhecimento plural, não apenas pela sua intrínseca amplitude teórica, reflexiva e metodológica, como também pelo seu complexo e diversificado objeto de estudos: a ciência. A construção de simples preâmbulos históricos que contam apenas as narrativas daqueles que tiveram seus resultados perpetuados é uma pseudo-história, que exclui saberes e estudiosos que, direta ou indiretamente, participaram da construção de conhecimentos. No que se refere a história dos estudos sobre a matéria, desde os gregos antigos, com os mais tenros registros de ciência, é possível encontrar escritos que dissertam sobre a constituição do mundo. Da mesma forma que os alquimistas tinham suas próprias maneiras de entender a matéria. Nesse sentido, este artigo sumariza algumas visões de elemento/matéria que estiveram presentes na Grécia Antiga e que permearam a alquimia árabo-europeia na Idade Média. Além disso, apresenta discussões acerca da visão mágico-vitalista, principalmente a partir do Renascimento, com o intuito de evidenciar como concepções desenvolvidas pelos estudiosos, ancoradas nessa corrente filosófica, foram essenciais para o entendimento de matéria naquele período e para a construção de um contexto que possibilitou o surgimento, no século XVII, de um conceito de elemento no período da ciência moderna. Por fim, são apresentadas implicações ao ensino de ciências.
Resumo
A temática em torno de descobertas científicas é bastante negligenciada no âmbito de e sobre ciências, principalmente no que concerne em compreendê-la histórica e epistemologicamente. Inclusive, muitas vezes, descobertas são tratadas como uma simples informação de datas, locais e pessoas. Este trabalho apresenta algumas discussões centradas em episódios históricos ligados a elementos químicos e à Lei periódica, a partir de ponderações de Thomas Kuhn e Norwood Hanson, visando evidenciar e contextualizar a estrutura conceitual e epistemológica de certas descobertas científicas. Dessa forma, resgatam-se questões acerca da inseparabilidade dos contextos da descoberta e da justificativa, as complexas estruturas intrínsecas à gênese do conhecimento científico e distintos tipos e categorias de descobertas na ciência.
Resumo
Este artigo contextualiza saberes da NdC mediante a exploração do conteúdo da história conceitual da ciência, buscando enfrentar a problemática fomentada pela ideia de “visão consensual” de aspectos, características e/ou princípios da NdC, que devem informar o currículo escolar e o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula da educação científica. Teórico-metodologicamente, este artigo está fundamentado na epistemologia da solução de problemas de Laudan; em uma extensa investigação acadêmico-científica; e nos aspectos metodológicos da moderna historiografia da ciência. Como resultados, são contextualizados mais seis vínculos epistemológicos, de vinte e um saberes da NdC, que reforçam o caráter da não neutralidade da ciência, em seus respectivos contextos de desenvolvimento. Como considerações complementares, ampliam-se as discussões sobre: (i) a superação do ensino de simples afirmações declarativas dos saberes da NdC em sala de aula; (ii) a proposição da validade epistemológica de saberes da NdC, através da contextualização histórico-filosófica; (iii) a ideia de evitar distorções desses saberes, evidenciando sua natureza contextual; e (iv) a demonstração do potencial que a visão de ciência de Laudan tem fornecido para as investigações no ensino de e sobre as ciências.
Resumo
Um resgate histórico-epistemológico e conceitual dos caminhos trilhados por Niels Bohr quando do desenvolvimento de sua trilogia – Sobre a constituição de átomos e moléculas apresentada em 1913 – suscita distintas questões que, quando contextualizadas, podem ser levadas à educação científica. O que o fez transitar da teoria eletrônica dos metais, objeto de sua tese, para a quantização do átomo de Rutherford? Que pressupostos ele tinha que permitem combater uma visão empírico-indutivista quando de sua dedução e uso da fórmula de J.J Balmer?
Que possíveis influências John W. Nicholson causou em Bohr? Nesse sentido, este artigo detém-se na primeira parte da trilogia bohriana visando esclarecer essas questões e contribuir para discussões de e sobre a ciência no ensino de ciências.
Resumo
Este artigo explora alguns aspectos da relação que Niels Bohr estabeleceu durante o período de seu pós-doutorado tanto com J.J. Thomson quanto com Ernest Rutherford entre os anos de 1911 e 1912. Tendo em vista a relevância de discussões relativas à natureza da ciência no ensino, em associação à história e à filosofia da ciência, busca-se trazer à tona uma visão mais humana de ciência, evidenciando como aspectos subjetivos, afetivos, sociais, relacionados à biografia e à personalidade individual de um estudioso influenciam na construção de conhecimentos científicos. Nesse sentido, além de publicações de Bohr daquele período e de interlocuções com a literatura secundária, trechos de uma entrevista cedida por ele em 1962 contribuem para o resgate e a contextualização desse recorte histórico em específico.
Resumo
Este artigo traz uma breve contextualização histórica-epistemológica da observação enquanto prática, ideia e categoria epistêmica, perpassando o seu entendimento de uma perspectiva aristotélica ao advento da ciência moderna. A partir da menção às teses de Hanson, Fleck e Shapere, contextualiza a utopia de neutralidade de uma observação científica. Concepções que ainda permeiam o ensino de ciências, fortemente empírico-indutivistas, que envolvem estereótipos de uma observação neutra, livre de pressupostos e subjetividades, que produz bases seguras para obtenção de conhecimentos, são prejudiciais a um melhor entendimento sobre ciência. Assim, por fim, reafirmando a relevância da História e Filosofia da Ciência em promover discussões relativas à Natureza da Ciência, apresenta exemplos de episódios históricos que podem, quando devidamente explorados, ser abordados no ensino de ciências.
Resumo
Divulgação Científica, em geral, tem estado cada vez mais presente no cotidiano das pessoas de diferentes setores da sociedade. As inovações tecnológicas e científicas fazem com que essa divulgação se faça presente não apenas entre divulgadores e a sociedade, mas, inclusive, no ensino de ciências. Tendo em vista essa estreita relação, atestada pela literatura, desenvolveu-se um projeto que visou articular referenciais de Divulgação Científica e Educação Científica, sobretudo relativos à História, à Filosofia e à Natureza da Ciência. Este artigo visa relatar, portanto, como atividades e ações de um projeto de extensão, articulado a um Trabalho de Conclusão de Curso, contribuíram para a formação inicial de uma pesquisadora e divulgadora científica na Licenciatura em Física. Em síntese, evidencia-se que é possível e pertinente que se articule a formação inicial de uma pesquisadora com a formação de uma divulgadora das ciências; o que, aliás, torna-se um diferencial na formação docente.
Resumo
Partindo-se do pressuposto de que relações da arteciência podem auxiliar na compreensão da construção histórica e cultural do conhecimento científico, apresentam-se os resultados da implementação de um módulo de ensino – constituído por uma história em quadrinhos e por seus textos associados – com intuito de se discutir a não neutralidade na observação e o papel dos experimentos no empreendimento científico através de pinturas. O módulo foi aplicado em uma disciplina de história da ciência de um curso de física. A partir dele objetivou-se analisar, com base na teoria fundamentada construtivista de Kathy Charmaz, em que medida o mesmo fornece subsídios para que os(as) alunos(as) possam refletir sobre a prática pedagógica e científica de modo mais crítico e diversificado. Verificou-se que o módulo de ensino apresenta potencialidade para se pensar a ciência com a arte e as pluralidades na educação científica.
Resumo
A Divulgação Científica vem se modificando ao longo do tempo, assim como a própria ciência e o seu ensino. Ela passou a ser produzida e pensada, inclusive, como um instrumento educativo, cujo papel também é o de contribuir e criar condições para uma formação mais crítica de diferentes sujeitos em relação à ciência. Entretanto, nem sempre ocorrem articulações entre os referenciais característicos do ensino de ciências e a própria divulgação científica, suas ações e materiais. Dessa forma, neste trabalho, analisa-se segmentos de um livro de divulgação científica acerca da história da Tabela Periódica com o intuito de exemplificar e/ou contraexemplificar aspectos relativos à Natureza da Ciência. Enfatiza-se, que as considerações tecidas podem auxiliar educadores do ensino de ciências a promoverem discussões sobre a ciência, a partir do resgate histórico feito na obra, como aquelas que dizem respeito a coletividade da ciência, as suas disputas teóricas, a sua subjetividade, a importâncias de se reconhecer a ciência em seus contextos histórico, cultural, social, entre outros.
Resumo
Frente à problemática sobre a visão consensual de aspectos, características e princípios que devem informar a educação científica, este artigo apresenta uma nova perspectiva denominada vínculos epistemológicos entre saberes da NdC e o conteúdo da história conceitual da ciência, mediados pela contextualização histórico-filosófica de perguntas da ciência responsáveis pelo seu desenvolvimento cognitivo. Este trabalho está fundamentado na epistemologia da solução de problemas de Laudan e em uma extensa investigação acadêmico-científica. Metodologicamente, essa perspectiva é forjada por uma ampla contextualização de perguntas da ciência que fomentaram o progresso da astronomia, cosmologia e física, da Grécia antiga ao nascimento da ciência moderna nos séculos XVI e XVII. Por essa razão, são apresentados apenas oito de vinte e um saberes da NdC, ficando os demais para mais dois trabalhos complementares. Somando-se às diferentes propostas existentes, a ideia de vínculos epistemológicos pode contribuir para: (i) superar o ensino de simples afirmações declarativas de saberes da NdC em sala de aula; (ii) proporcionar uma substantiva validade epistemológica aos saberes da NdC, mediante contextualização histórico-filosófica de perguntas da ciência; (iii) evitar as distorções desses saberes, por evidenciar sua natureza contextual; e (iv) demonstrar potenciais que a visão de ciência de Laudan tem fornecido para enfrentar problemáticas inerentes ao ensino de e sobre as ciências.
Resumo
Apesar das inúmeras justificativas, expostas em documentos oficiais, sobre a importância da discussão de elementos sobre Astronomia no contexto escolar, é consensual em diversas pesquisas a necessidade de uma maior exploração deste campo do conhecimento na formação nas Licenciaturas em Ciências, Física e Astronomia. Um profícuo caminho para contribuir em tal perspectiva consiste na abordagem de elementos sobre a História da Astronomia: um dos mais importantes episódios históricos da área consiste na descoberta dos pulsares, que foram identificados por meio da atuação da astrônoma britânica Jocelyn Bell Burnell. De maneira a contribuir com o acesso docente a temáticas contemporâneas em Astronomia, embasadas em uma perspectiva histórica, propomos, em um âmbito teórico, uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa que objetiva desenvolver discussões de caráter histórico-epistemológico sobre a descoberta dos pulsares, sendo direcionada ao contexto de formação inicial de professoras/es de Física e de Astronomia. A proposta é embasada em pressupostos educacionais da Teoria da Aprendizagem Significativa Crítica de Marco Antônio Moreira. Em conclusão, elencamos algumas reflexões e possibilidades teóricas relacionadas à sequência didática.
Potencialiade didáticas da divulgação científica: Princípios da TAS de David Ausubel no âmbito de um vídeo histórico-epistemológico acerca da Tabela Periódica
CRISTINA S. LORENZETTI; ANABEL C. RAICIK; FELIPE DAMASIO
(2022)
Resumo
De acordo com a literatura de Educação Científica no Brasil, há uma estreita ligação entre a Divulgação Científica e o Ensino de Ciências em geral. Entretanto, há uma escassa interlocução entre os seus referenciais; por exemplo, é raro encontrar materiais de Divulgação Científica que apresentem preocupações históricas e epistemológicas acerca da ciência. Além disso, normalmente, eles não apresentam fundamentação educacional, ainda que sejam elaborados com vias ao uso em contexto de ensino. Nesse sentido, este trabalho apresenta o desenvolvimento e a estrutura de um vídeo de Divulgação Científica, fundamentado em princípios da Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, acerca da história da Tabela Periódica, com ênfase na narrativa do sonho de Mendeleev, e aspectos relativos à Natureza da Ciência. A partir do desenvolvimento deste material, foi possível pensar no vídeo como base para ações didáticas no ensino formal e não formal voltadas para estudantes do ensino médio e professores em formação (inicial ou continuada), bem como seu uso no ensino informal.
Resumo
Na ausência de estudos que integrem, concomitantemente, conhecimentos artísticos e científicos, neste trabalho busca-se exemplificar as transformações do pensar científico ao se analisar, em termos mais abrangentes, alguns segmentos históricos da ciência-física a partir de obras artísticas. Em um primeiro momento, realizam-se discussões epistemológicas, entre convergências e divergências da arteciência, desenvolvidas pelos físicos e filósofos da ciência Paul K. Feyerabend e Thomas S. Kuhn. Posteriormente são tecidos debates educacionais da temática por meio de aspectos da teoria da aprendizagem significante de Carl R. Rogers e da expressividade artística proposta por Natalie Rogers. Em um terceiro instante, exemplificamse relações da arteciência a partir de episódios históricos da física junto a algumas formas artísticas. Por fim, nas discussões finais, propõe-se o uso de histórias em quadrinhos (HQs), como uma forma de arte passível de expressar o conteúdo (de modo artístico e científico) e compartilhá-lo no e para além do âmbito educativo.
Resumo
Este artigo apresenta uma contextualização histórico-filosófica sobre alguns conteúdos científicos fundamentais para a compreensão docente e estudantil da relação Terra-Universo. Suas justificativas encontram-se nos benefícios que a visão epistemológica de Larry Laudan tem proporcionado para o ensino de ciências/física, especialmente, na fundamentação das investigações acadêmico-científicas de questões relativas ao processo de ensino-aprendizagem, em todos os níveis de ensino. Fundamentando-se nesse referencial, particularmente, nos seus conceitos de problemas empíricos, problemas conceituais e de tradição de pesquisa, este trabalho propicia uma ressignificação histórico-filosófica de alguns conteúdos científicos da astronomia, da cosmologia e da física, considerados essenciais à compreensão docente e estudantil da relação Terra-Universo. Esses conteúdos são: a confecção de calendários, as distâncias orbitais dos planetas, as fases da Lua, as estações do ano, o fenômeno do dia e da noite, o movimento de rotação da Terra, os modelos cosmológicos, o movimento de translação dos planetas e a gravidade. Como resultado, essa contextualização histórico-filosófica pode contribuir para a superação dos problemas relativos: às concepções de senso comum; à correção dos erros conceituais encontrados nos livros didáticos da educação básica; bem como na construção do saber docente do conteúdo disciplinar da história conceitual da ciência, mediante uma viagem prazerosa pela história da ciência. Portanto, defende-se que somente um diálogo contínuo com os resultados de pesquisas, integrado com uma atenta vigilância epistemológica, educacional, didática e pedagógica, sobre o processo de ensino-aprendizagem; com a mediação da construção do conhecimento disciplinar, dentre outros; e uma apropriada transposição didática dos conteúdos científicos para os livros didáticos da educação básica; torna possível o trabalho efetivo em prol de uma substantiva melhoria da educação e do progresso do ensino de ciências..
Resumo
Este artigo traz distintos pontos de vista entre uma revolução química primordialmente epistemológica, com ideias de Arthur Donovan, e uma fundamentalmente conceitual, com noções de Carl Perrin, envolvendo o flogisto e o químico Lavoisier. Além disso, analisa em que sentido essas compreensões podem ser entendidas a partir do conceito de revolução científica de Thomas Kuhn e visa subsidiar a atuação e formação de docentes de ciências em possíveis abordagens histórico-filosóficas acerca do tema. Esse resgate junto a interlocuções kuhnianas pode ser esclarecedor para se compreender que mudanças paradigmáticas não envolvem, necessariamente, uma descontinuidade radical, tampouco um processo abrupto.
Resumo
Exploram-se modos distintos de ver imagens, a partir de uma fundamentação pautada em aspectos das abordagens epistemológicas de Norwood R. Hanson e de Paul K. Feyerabend com a pretensão de exemplificar – na formação (inicial) de professores(as) e de cientistas do campo da física – a existência da diversidade de caminhos possíveis para se produzir conhecimento científi co e para comunicá-lo. Para tanto, discorre-se brevemente sobre as concepções de observação e de interpretação hansonianas, bem como sobre a pluralidade e os relativismos feyerabendianos. No processo de (re)pensar com imagens, a partir de um viés hanson-feyerabendiano, se averiguam
potencialidades para a práxis pedagógica e a científica.
Resumo
No contribuir de um (re)humanizar da área educativa e científica, visa-se elaborar uma proposta didática, art(sci)culada e direcionada particularmente (mas não só) a licenciandos(as) e bacharelandos(as) do campo da física. Atividade, esta, mobilizada pelo referencial educacional de Carl R. Rogers — alinhado à proposta das artes expressivas de Natalie Rogers — e pela epistemologia de Paul K. Feyerabend. A temática envolvida — presente em uma história em quadrinhos e nos textos a ela associados — abarca discussões sobre as transformações do pensar e do fazer ciência-física registradas de modo pictórico por alguns povos e em certos momentos históricos. Na ‘Expo(r)-(po)sição Art(sci)culada’ se propõe o desenvolvimento de (mini)projetos artísticos relacionados aos debates históricos-filosóficos supracitados. Por fim, apresentam-se cenários passíveis e viáveis de implementação da atividade — evidenciando que ela é praticável em condições factuais, sobretudo, de Institutos e de Universidades.
Resumo
Em fevereiro de 1968, a então estudante de pós-graduação Jocelyn Bell, seu orientador Antony Hewish e demais integrantes do grupo de radioastrônomos da Universidade de Cambridge publicaram um artigo na Revista Nature sobre incomuns sinais pulsados em ondas de rádio, identificados inicialmente em meados de agosto de 1967, gerando um amplo movimento da comunidade científica para entendimento deste suposto novo objeto astronômico: os pulsares. Neste artigo, objetivamos discutir aspectos históricos envolvidos no processo de compreensão conceitual dos pulsares, tendo como base artigos científicos publicados à época, comentários sobre o episódio elaborados por Jocelyn Bell Burnell e Antony Hewish, além de estudos secundários sobre a história dos pulsares. A partir de reflexões de Ludwik Fleck e Thomas Kuhn, as discussões de Natureza da Ciência evidenciadas consistem, por exemplo, na extensão temporal e na construção coletiva de uma descoberta científica e no processo complexo de circulação de teorias e de observações sobre um fenômeno entre astrônomos.
Resumo
A Estrutura das Revoluções Científicas, de Thomas Kuhn, é um clássico da filosofia da ciência. Em associação com outras obras do autor, ela tem sido amplamente explorada ao longo das últimas décadas, tanto no âmbito epistemológico quanto educacional. Kuhn – físico, filósofo e historiador da ciência – traçou uma concepção de ciência que se opôs ao positivismo lógico e à historiografia tradicional. Não obstante, ele recebeu distintas e, por vezes, severas críticas ao seu entendimento de ciência. Nesse sentido, procurando compreender, sucintamente, o progresso científico por meio de revoluções na perspectiva kuhniana, este ensaio teórico explicita alguns mal-entendidos relacionados ao conceito de incomensurabilidade, a fim de discutir a sua concepção de revolução científica e perpassa pelo (suposto) relativismo da Estrutura. Além disso, pensando em implicações para o ensino e à formação de professores, propõe uma discussão acerca do problema do relativismo, tão pertinente na atualidade, sobretudo quando a ciência vive sua descrença. Com efeito, um resgate kuhniano pode colaborar para reflexões sobre a ciência, contribuindo para a formação de sujeitos mais críticos científica e epistemologicamente.
Resumo
Examina - se a relação de conhecimentos sobre a natureza e o mundo de povos originários ( e.g. , mesopotâmica , egípcia e chinesa ) em um período antecedente à escrita e à inquisição investigativa grega do século VI AEC . Como subsídio para a discussão , utilizam - se retratações artísticas de eventos que ocuparam a atenção pública em certos momentos históricos e que se façam expressas sob a forma de representações pictóricas bidimensionais , tais como aquelas adornadas em cavernas , tumbas , ornamentos cilindricos ou ilustradas em papiros . Para a avaliação das imagens usa - se a análise iconográfica de Erwin Panofsky o exame das informações postas , averigua - se a predominância da temática cosmológica astronômica nas obras supracitadas; construidas sob um viés mítico e desprendidas de interesses e de procedimentos analíticos . Entretanto , também , se identifica uma forma preliminar e rudimentar da base científica - utilitária que coloca em prática aquilo que cotidianamente se observava e pictoricamente se registrava.
Resumo
No ano de 1967, a então estudante de pós-graduação Jocelyn Bell identificou sinais pulsados de ondas de rádio, que posteriormente puderam corroborar observacionalmente a existência das estrelas de nêutrons. Neste trabalho, desenvolvemos um estudo histórico-epistemológico sobre o episódio de detecção dos pulsares a partir de relatos elaborados por Jocelyn Bell Burnell e por seu orientador, Antony Hewish, e de pesquisas que se debruçaram sobre este tema. Na análise epistemológica, consideramos, predominantemente, aspectos da filosofia da ciência de Thomas Kuhn e Norwood Hanson. Os resultados chamam atenção para o papel da serendipidade em uma descoberta científica e para a importância do trabalho coletivo em um período de ciência normal, que neste caso propiciaram novos estudos teóricos e observacionais para a compreensão deste novo objeto astronômico. Ressaltamos que a discussão da serendipidade e do acaso no contexto de ensino de ciências pode contribuir para desmistificar ideias equivocadas sobre este conceito, favorecendo uma melhor compreensão da natureza do conhecimento científico. O trabalho também possibilita evidenciar o protagonismo de uma mulher cientista em um importante episódio científico.
Resumo
Visa-se a colaborar para a humanização da formação de professores(as) e de cientistas, bem como da própria ciência, ao se investigar perspectivas da correspondência entre alguns aspectos da teoria da aprendizagem significante de Carl R. Rogers e da epistemologia de Paul K. Feyerabend. Das convergências entre o referencial educacional e o epistemológico, averíguam-se potencialidades de correlação do (i) aprender a aprender do sujeito em processo de aprendizagem com a compreensão de um saber científico em constante desenvolvimento; e (ii) do pluralismo metodológico com o uso de práticas diversificadas tanto para o âmbito pedagógico quanto para o científico. Também são apresentadas sugestões de implementação das interlocuções entre os aportes teóricos supracitados; evidenciando que as discussões são praticáveis em condições factuais de universidades.
Resumo
Experimentos de pensamento vêm sendo amplamente utilizados na história da ciência desde a Antiguidade. Contudo, somente por volta do século XIX eles passam a ser discutidos teoricamente, em termos de suas características e funcionalidades. Este artigo resgata estudos do físico e filósofo Ernst Mach, que acendem definitivamente as luzes sobre o potencial desses notáveis
experimentos, considerações de Thomas Kuhn acerca desse conceito e a discussão do assunto a partir da menção a teses que surgem com o “novo experimentalismo”. Através de um exemplo desenvolvido por Albert Einstein em sua obra A teoria da relatividade especial e geral, reflete-se sobre essa temática e suas potencialidades para o ensino das ciências naturais, da física em particular.
Resumo
O presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre o tema divulgação científica em periódicos brasileiros de ensino de ciências no último decênio. Buscou-se, nos trabalhos, apontamentos e reflexões dos autores acerca de: (i) para quê fazer ou se apropriar da divulgação científica; (ii) para quem se destina essa divulgação; (iii) aspectos da história e filosofia da ciência; (iv) reflexões acerca de Natureza da Ciência. Foram identificados, inicialmente, um total de 99 artigos. Após um exame preliminar, com o desenvolvimento de categorias específicas, 36 deles foram objeto de uma análise pormenorizada. Uma das implicações dessa pesquisa sinaliza a necessidade de mais trabalhos e reflexões sobre aspectos metafísicos relativos à divulgação científica (questões de para quê e para quem) no âmbito de sua utilização no ensino e, inclusive e principalmente, acerca de sua relação com aspectos de História, Filosofia e Natureza da Ciência.
Resumo
Este artigo discorre sobre alguns valores envolvidos na aceitação de um novo conhecimento na ciência, à luz de considerações kuhnianas, como o que surge com a divulgação da pilha por Alessandro Volta, em 1800. Além disso, discute como se deu o término da controvérsia que Volta trava com Luigi Galvani, acerca da eletricidade animal, a partir de uma classificação de McMullin (2003). Por fim, apresenta implicações para o ensino de ciências, sobretudo, para desmistificar a ideia de que o componente empírico é sempre o árbitro infalível que permite escolhas teóricas inequívocas.
Resumo
A filosofia de Thomas Kuhn, sobretudo a partir de seu modelo de desenvolvimento da ciência, presente na Estrutura das Revoluções Científicas, foi e continua sendo amplamente objeto de pesquisas e estudos em termos filosóficos, sociológicos, históricos e, inclusive, educacionais. Com o intuito tanto de esclarecer alguns mal-entendidos relativos ao conceito kuhniano de incomensurabilidade e suas relações para uma melhor compreensão de revoluções científicas, quanto promover discussões introdutórias de conceitos kuhnianos na educação científica, este artigo propõe e apresenta duas Unidades de Ensino Potencialmente Significativas (UEPS); uma voltada a formação inicial e/ou continuada de professores; outra a pesquisadores em formação.
Jocelyn Bell Burnel e a descoberta dos pulsares: revisando pesquisas do ensino de física e de astronomia em uma perspectiva histórica
LARISSA N. PIRES; LUIZ PEDUZZI
(2021)
Resumo
A detecção das estrelas de nêutrons consiste em um dos eventos científicos mais singulares para o campo da Astronomia. Esta descoberta, protagonizada pela astrônoma Jocelyn Bell Burnell, possibilitou a identificação dos primeiros sinais que viriam posteriormente a serem reconhecidos como pulsares, o que permitiu uma melhor compreensão sobre o processo de evolução das estrelas. No ensino de Física e de Astronomia, no entanto, existe um desconhecimento das/os docentes e discentes sobre o processo de evolução estelar. Neste artigo, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica de maneira a investigar como a história da descoberta dos pulsares e a atuação de Jocelyn Bell Burnell neste episódio se manifesta em trabalhos publicados nas últimas décadas no campo do ensino de Física e de Astronomia, bem como em pesquisas acadêmicas destas áreas. Para o estudo, selecionamos 35 trabalhos, dentre artigos publicados em periódicos e eventos, além de dissertações e teses. O desenvolvimento da análise se baseou em fontes primárias e secundárias que versam sobre elementos históricos relativos à descoberta dos pulsares. Concluímos que pontuais trabalhos realizam uma discussão histórica sobre estes objetos celestes, principalmente produções acadêmicas no campo da Física e da Astronomia, enquanto pesquisas no campo do ensino concentram discussões em um âmbito mais conceitual. Indicamos que este episódio apresenta potencialidades para estudos sobre natureza da ciência e sobre a visibilidade das mulheres na ciência.
Do desenvolver ao perecer científico: no que isto irá decorrer?
LETÍCIA JORGE; LUIZ O. Q. PEDUZZI
(2020)
O Ano Internacional da Tabela Periódica e um sucinto resgate de sua história: implicações para a educação científica por meio da divulgação científica
CRISTINA S. LORENZETTI; FELIPE DAMASIO; ANABEL C. RAICIK
(2020)
Sobre a Natureza da Ciência: asserções comentadas para uma articulação com a História da Ciência
LUIZ O. Q. PEDUZZI; ANABEL C. RAICIK
(2020)
Nos embalos da HFC: discussões sobre a experimentação e aspectos relativos à NdC em UEPS
ANABEL C. RAICIK
(2020)
Galvani, Volta e os experimentos cruciais: a emblemática controvérsia da eletricidade animal
ANABEL C. RAICIK
(2020)
O episódio histórico do centenário do eclipse de Sobral e suas implicações para o ensino de física por meio da divulgação científica
CRISTINA S. LORENZETTI; FELIPE DAMASIO; ANABEL C. RAICIK
(2020)
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